sexta-feira, setembro 24, 2004

À procura de um texto autobiográfico (1).

Vibrate

My phone's on vibrate for you
Electroclash is karaoke to
I tried to dance Britney Spears
I guess I'm getting on in years

My phone's on vibrate for you
God knows what all these new drugs do
I guess to have no more fears
But still I always end up in tears

My phone's on vibrate for you
But still I never ever feel from you
Pinocchio's now a boy who wants to turn
Back into a toy
So call me, call me in the morning
Call me in the night, so call me
Call me anytime you like
My phone's on vibrate for you, for you


[ Rufus Wainwright: Want One. ]

Ecce homo (2).

Não te coerta a responsabilidade porque a não tens. Não te prende os gestos o mal que fazes - o rasto de destruição que vais deixando - porque lhe fechas os olhos, quando segues em frente. Segues. Rumas a nenhures.

(Segues.)

Faço o mapa das casas que foste deixando para trás, das pessoas a quem não te apegaste, das coisas que não disseste e das alturas em que as não disseste; das bolas que deixaste e deixas no ar. Quando te encosto à luz, não sobra nada: nem cheiro, nem gosto, nem sequer silhueta que te delimite as formas gastas. Não sobra nada. Sobras tu. Só tu. Só o teu peso nas camas em que estiveste, pensando já naquelas em que irias estar a seguir. Só o teu estranho malabarismo - os corações (do dia, da semana, do mês) que tentaste e tentas (sem custo) manter no ar.

(Nada. Quase nada. Nada.)

Nada, porque essa coisa do amor é para profissionais.

Ecce homo (1).

A 'vida-para-nós-secreta'. Hábitos novos, pessoas novas, relações (fortuitas ou não), passados pessoais, pecadilhos, bebidas preferidas (quando pensávamos que não bebiam), marcas dos cigarros que fumam (quando pensávamos que não fumavam), erros, cicatrizes (permanentes e não tanto).

Nada de novo; tudo de novo.

Culpado quem não mostrou. Culpado quem não viu.

(Mas a culpa é irrelevante aqui.)

quarta-feira, setembro 08, 2004

Constatação e meia em meias palavras.

Por muito que tente fugir à questão (e não há como fugir a qualquer questão), o problema não são os outros: o problema sou eu.