sexta-feira, setembro 22, 2006

Algures entre a extinção e um Martini.

Tenho tido pouca cabeça para escrever aqui qualquer coisa nos últimos tempos. Um apanhado da semana passada não incluiria grande coisa à excepção de alguns DVDs novos, do trabalho que cresce desmesuradamente (em proporção inversa à vontade de o fazer) e da compra de um despertador novo no IKEA - dada a morte por exaustão do seu antecessor. Viciado num gelado da Ben & Jerry's chamado "Fossil Fuel" e algures entre a extinção e um Martini,

(o mais assustador e o absolutamente acessório)

continuo a sorrir em dias frios; a visitar sítios novos; a beber chá em dias quentes. Espero quieto o rosnar lânguido de templos em que não estive e de episódios que elenco, calmamente, na categoria "infeitos". No fim do relatório, acrescento para os incrédulos: está tudo bem - a sério.

La-ran-ja.

Como se pode notar pela imagem junta, mudei de cheiro.

Apologia da cor.

É engraçado pensar em como o meu quarto começou com cores neutras e mortiças (azuis, beges) e acabou com um tapete verde-lima, uma capa de edredão com círculos e quadrados vermelhos e azul-turquesa e, para rematar, com quadros do Keith Haring que não podiam ser mais coloridos. De pouca cor a muita cor. Lenta mas definitivamente. E sem que nada choque com nada.

sábado, setembro 09, 2006

Numa fila na FNAC.

O gesto dura dois segundos se tanto. Ele passa por ele e nessa passagem agarra-lhe o braço com a firmeza cúmplice de quem lhe sopra a nuca durante a noite e há anos; de quem conhece as quantidades exactas de açúcar que ele põe no café ou a forma como ele se senta, à noite e quando pensa que não o vêem, no terraço a olhar para o mar. Ninguém sabe onde ou como se conheceram. Ninguém nos explica por que estão juntos. Mas conheceram-se. E estão-no.

Como disse, o gesto dura dois segundos. Se tanto.

Relíquia.

Etiologia do cansaço.

Todas as pessoas são cansativas à sua maneira e todas as pessoas, à sua maneira, se cansam.

Eu, a torneira e o espelho.

Na fotografia estou eu e uma torneira antiga e um espelho que não sei onde se comprou. No IKEA da altura por certo. Na fotografia em que eu estou não se vê se eu sorrio ou não - e não interessa se é relevante eu sorrir ou não. Num livro que li há anos e que não me lembro qual é há uma história de que gostei. E há em vários livros histórias de que gostei, fossem elas parentéticas ou outra coisa qualquer. Tenho na estante livros que me abalam só de lhes fazer festas nas capas, nas lombadas - lê-los é ler-me porque egocentrismo nunca me faltou, apesar do ego cronicamente em papas (segundo expressão do Dinis Machado). Mais informações? A ruína fechou o guichet por hoje.

Nadadores.

Identificação incondicional.

Chamo-me João.

sexta-feira, setembro 01, 2006

Um dia óptimo.

Depois de muito tempo sem nadar, descubro que a água ainda espera por mim e sabe o meu nome. Flutuo. Vou de um lado ao outro e regresso ainda submerso. Só o azul claro desfocado importa. Quando respiro o ar é outro. Sento-me com os pés dentro de água. Fecho os olhos. O sol aquece-me. Entre risos, um almoço delicioso, revistas do coração com conselhos sentimentais que lemos sarcasticamente, pessoas das quais gosto muitíssimo e a piscina na qual passei parte da manhã e quase toda a tarde, tive um dia óptimo e que não vou esquecer durante muito tempo.

A minha quinta-feira no Alentejo.