quinta-feira, junho 03, 2010

Esse reencontro.

Tira uma fotografia a ti mesmo, daquelas com os braços esticados, com o botão do obturador a ser pressionado por um qualquer dedo que o alcance. A primeira ou a segunda talvez não fiquem nítidas. Ajustas a velocidade, compensas a exposição, tentas de novo. Há uma orelha que fica sempre fora de plano; um pedaço de cabeça ou de testa; ocasionalmente, um terço da cara, quando apanhas o que está atrás de ti: uma estante, livros, o sofá, a parede, o que for. Faz a cara que quiseres, não se te pede mais do que isso. Anota data, hora e local, no verso — não esperes lembrar-te deles mais tarde, ou sequer da fotografia. Põe-na agora dentro de um livro e esquece-a. Pode ser que a tornes a ver. Quão estranho será esse reencontro.

Pontas.

Os trinta.

O instante em que a vida passa a precisar de um tradutor-intérprete a tempo inteiro.