segunda-feira, abril 28, 2008

De cor.

outra coisa

Apresentar-te aos deuses e deixar-te
entre sombra de pedra e golpe de asa
exaltar-te     perder-te     desconfiar-te
seguir-te de helicóptero até casa

dizer-te que te amo amo amo
que por ti passo raias e fronteiras
que não me chamo mário que me chamo
uma coisa que tens nas algibeiras

lançar a bomba onde vens no retrato
de dez anos de anjinho nacional
e nove de colégio       terceiro acto

pôr-te na posição sexual
tirar-te todo o bem e todo o mal
esquecer-me de ti como do gato


[ Mário Cesariny: Pena Capital. ]