Ficção (56).
Talvez fosse tarde para estar ali, a julgar pela maneira como olhavas para o relógio uma duas e três vezes. Perguntei-te se te estava a aborrecer; respondeste que não, mas foste pouco convincente. A conversa tinha morrido. Passámos a hora seguinte a olhar para quem subia e descia as escadas do sítio onde esperávamos que a hora do filme chegasse. Podia ser que o escuro nos resgatasse; que o pó a mexer-se no foco de luz a tempos constante e intermitente dissesse mais do que as nem vinte palavras que tínhamos trocado. Já sentados, com o filme a pouco mais de meio, olho para o lado - para ti. À minha esquerda, tu choravas cabisbaixo.
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