Leona Naess: Comatised (2000).
Sei que não tenho que me justificar. Ninguém mo pede. Ninguém a isso me obriga. Mas a voz de Leona Naess consegue deixar-me de rastos. Se calhar, é por isso que digo que Comatised é um álbum incrível e memorável, que mais não seja pelas letras - histórias bem contadas e, sobretudo, longe de um certo teenage angst que tende a invadir subtilmente muito do estilo de composição actual. Como se as letras não bastassem, acrescenta-se-lhes o charme da presença e da voz da intérprete britânica e já está: temos um álbum sólido, estimulante e, inevitavelmente, arrancado da carne. De resto, em caso de dúvida, basta ouvir 'Paper Thin', a última pista deste álbum: a rouquidão de Naess, a voz que quase desiste de si (no fundo, a voz de alguém que está, de facto, paper thin), o piano que se recusa a sair da névoa que abraça toda a música - todos estes (e muitos outros) são traços de uma óptima compositora e intéprete com um futuro inegavelmente promissor.
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