quarta-feira, agosto 11, 2004

Prece.

Sugas o ar frio da rua através do estore, no entardecer quieto. Nenhum barulho. O carro ocasional. Só tu. Só a tua mão colada à superfície metálica que te separa do exterior. Tu, a tua mão no estore e a tua estranha vida interior. Mexes os lábios. Ninguém te vê. Ninguém saberá o que disseste.

(Nem os pássaros. Nem o chão que te engole os passos. Nem os vidros que bafejas. Nem as lâmpadas que se fundem na tua casa e na de outros.)

Nada. Ninguém.