Escritos púberes.
Ler coisas que escrevemos na adolescência, convictos da qualidade das mesmas, é divertido. É divertido percorrer umas largas centenas de páginas de pseudo-dramaturgia em que todas as personagens são, na verdade, só uma e que, ainda por cima, faz sempre a mesma coisa. É engraçado reler os poemas - minimalistas, sem rima, como convinha.
(E constatar.)
O cansaço que causa todo aquele frémito de termos tido, há quase uma década, dezasseis anos. A excentricidade da idade. O desejo mesquinho de querer ser diferente, de querer ser chama. O fardo imenso de se ser sensível numa idade de pedras na mão. A brutalidade da inteligência; o sentido crítico excessivo (que, curiosamente, ainda hoje permanece); a auto-estima feita montanha-russa. E, no meio disto tudo, os textos - a lembrança, entre outras, de que, um dia, tivemos dezasseis anos e quisemos ser tudo.
(Tudo.)
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