Paleotextos (7).
a guerra do peloponeso numa discoteca da 24 de julho.
estás sentado a um canto de um bar, num sofá que tem as costas deformadas dos anos. estás a beber qualquer coisa - uma bebida esverdeada que sorves como ar por um tubo de plástico preto. um travesti com dois metros de altura pergunta-te, em jeito de engate, se tens lume. respondes que não fumas - mentira descarada; vê-se-te o maço de marlboro através do bolso da camisa.
mesmo assim, mentes com quantos dentes tens. acabas a bebida e, à medida que perdes a sensibilidade nas pontas dos dedos, começas a lembrar-te de que estás sozinho num sábado à noite. e perdes tudo - chaves do carro, carteira, b.i., dignidade. tudo é atirado para dentro do mesmo saco. e tu és atirado para a rua das escadinhas da praia, por um homem com o triplo do teu tamanho.
e espantas-te. e ficas sem saber se o que ele te disse foi algo como um jambo, um espondeu ou um dáctilo. e ficas sem saber se realmente estás mesmo bêbado ou se será só estupidez. e vomitas.
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