sexta-feira, setembro 02, 2005

Paleotextos (8).

inocência.

a cara dele, a preto e branco, mãos no rosto como um pianista de dedos esguios. os olhos transpirados. a areia, segunda pele, cinzenta e lisa e macia, tapando-o como uma mortalha. a olhar. sem saber bem para onde mas se calhar estando já lá, no não-onde, qualquer sítio que não fosse ali. o dormir sonhado que se apoderava dos seus cabelos, estendido na cama, ele e dele. a mão, cinza branqueada, e a sua sombra. ele na praia, a pensar que poderia estar em qualquer outro sítio com qualquer outra pessoa e o mar, claustro casular, a sepultá-lo, cada vez mais, na areia lenta.