terça-feira, janeiro 03, 2006

Ficção (26).

- Natália

disse-te ele, naquele café perto do coreto. Tu muda. Entendias com especial clareza a mecânica destas coisas, os tempos exactos entre um momento e outro;

- Natália, tu

o balanço pendular entre uma frase e a próxima; entre uma palavra e a palavra a mais. Ele pôs-te a mão sobre o braço e tu, que com o tempo te tornaras um livro de cifra, respondeste-lhe

- Jaime, desculpa. Não tenho tempo para isto. Até logo.

sem sequer pensares em ouvir o que se seguia; odiavas hesitações. Sabias que era a última vez que o verias porque se não fosse ele a pôr fim a tudo serias tu; porque te tinhas esgotado; porque tu não estavas. Levantaste-te, puseste-lhe por caridade a mão no ombro e saíste.