terça-feira, fevereiro 20, 2007

Eggys, eyren.

Num prefácio (Eneydos) e tendo como subtexto a questão da flutuação lexical e ortográfica sua contemporânea, Caxton contava a história de como era difícil, percorrendo o rio Tamisa, interagir em contextos de comunicação tão elementares como a aquisição de bens alimentares - neste caso, ovos. Dizia ele:

And specyally he axyed after eggys. And the good wyf answerde that she coude speke no frenshe. And the marchaunt was angry for he also coude speke no frenshe but wold haue hadde egges and she vnderstode hym not. And thenne at laste a nother sayd that he wolde haue eyren. Then the good wyf sayd that she vnderstood hym wel.

Ora, todo o texto é um pretexto. Às vezes sinto que a língua que falo não é a que os outros entendem. E depois lembro-me de que conheço pessoas que me percebem sem interferências e torna-se claro que a fronteira entre a minha língua e a dos outros não é a extensão de um rio: é outra coisa qualquer. E há, felizmente, quem não precise de intérprete - quem a fale fluentemente.