Estar lá.
Falava no outro dia com o X. que me dizia que as paixões que tinha, musicalmente falando, eram poucas ou inexistentes. Isto a propósito do meu entusiasmo relativamente ao concerto de Rufus Wainwright, no qual estive ontem. Foram quase três horas de espectáculo, na presença de uma voz e de um talento musical estrondosos, de uma banda versátil e bem disposta. Saí do concerto com a mesma sensação que da primeira vez que o vi em Portugal: uma vontade de mudar de vida, de fazer mais de mim; se calhar, uma vontade de reduzir a pó o meu pouco relevante passado. O Rufus faz-nos isso, no meio de tantas outras coisas e sem que nos apercebamos.
Hoje, ao acordar, senti-me vazio - corpo e cabeça desmanchados, como quando bebo em demasia. O concerto tinha passado. Não sei quando tornará a vir cá. E é exactamente o que disse à T. ontem à saída do Coliseu: que, se pudesse e havendo concerto dele no dia seguinte, tornaria a ir. Perpetuum mobile.
Ainda bem que ainda há quem me faça sentir assim - acordado, vivo.
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