À procura de um texto autobiográfico (39).
E então nós cobardes
que amávamos a noite
rumorosa, as casas,
os caminhos do rio,
as luzes vermelhas e sujas
daqueles lugares, a dor
mansa e calada —
arrancámos as mãos
da cadeia viva
e calámo-nos, mas o coração
sobressaltou-se de sangue,
e não houve mais doçura,
não houve mais o abandono
ao caminho do rio —
agora livres, soubemos
que estávamos sozinhos e vivos.
[ Cesare Pavese: Virá a Morte e Terá os Teus Olhos. ]
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