terça-feira, setembro 30, 2008

Our mutual friend.

Quando te abraçaste à minha mãe e lhe disseste que tinhas saudades das férias que passavas ali, na quinta, em miúda - no tempo em que as preocupações se resumiam a chegar a casa à hora do jantar. Quando a tua avó, depois de anos doente, desapareceu e tu choravas. Quando te casaste. Quando o teu filho nasceu. Mostram-me fotografias tuas: estás mais velha, mas és tu. Lembro-me de ti dos Verões, sobretudo das conversas inconsequentes que tínhamos e das voltas de bicicleta que dávamos um pouco por toda a parte, nas imediações da rua onde viviam as nossas avós: da fonte logo após o cemitério, do caminho de terra batida entre ela, o campo de futebol, uma fábrica abandonada, e outra fonte ao fundo de uma encosta. Sei que às vezes perguntas por mim; sei que hoje dei por mim a perguntar-me o que era feito de ti, e por que não falava contigo a sério há tanto tempo.