terça-feira, dezembro 02, 2008

Gruas.

Duas gruas que se sustêm e apontam erráticas, batidas pela água que lhes aviva o amarelo. Nas alturas e a metros uma da outra, talvez se sintam menos sozinhas; mais perto, conseguimos ouvir os uivos do vento que lhes corre o esqueleto em malha. A chuva, é certo, abrandará; o vento com ela. E quando a construção daquele bloco de escritórios for retomada é também certo que serão apenas mais duas gruas. Mas não hoje. Hoje, com uma chuva impossível a ressoar-lhes pelo entrecruzado metálico, eram duas gruas lado a lado, molhadas e sem ninguém dentro, como uma metáfora estúpida de qualquer coisa que foge e não volta - de companhia na impossibilidade da mesma.