A estante.
Livros novos e velhos, quase intocados ou com folhas marcadas e manchadas nos sítios onde nos demorámos mais ou nos comovemos; livros roçados e coçados nas lombadas, com dobras e sublinhados a lápis ou a tinta. Livros que se abrem automáticos em páginas certas, como que manuseados por leitores invisíveis - o poema lido em noite de insónia, cinco falas de uma peça, oito linhas de um romance. Livros que esperam outros e outros donos, a seguir a nós e depois deles, como testemunhos da transitoriedade temível de tudo.
<< Home