Manual de sobrevivência.
Escrever. Escrever numa tarde com vento, as páginas do caderno a ameaçar rasgar-se. Escrever na areia, assistir à rasura da onda que se aproxima. Escrever em talões de supermercado, no verso de recibos, em envelopes ainda não abertos. Escrever muito, escrever pouco, escrever assim-assim. Escrever de olhos fechados, com a mão esquerda, de trás para a frente. Escrever mensagens, curtas e mais longas. Escrever cartas que ficam guardadas na gaveta, por enviar. Escrever e ir escrevendo - encher da massa das palavras as muitas fissuras de um esqueleto de outro modo translúcido.
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