segunda-feira, maio 21, 2012

Uma mentira para o ano novo.

Entre o fim do ano velho e o início do que se lhe segue, houve duas mortes — a de um animal querido, a que me parece ainda ouvir os passos ou o ladrar, quando entro na casa onde o encontrava sempre, e a da minha avó paterna, que nos últimos anos se apagara aos poucos e constantemente, até pouco mais restar do que os contornos hesitantes do seu corpo. Em Março, o título de um post aqui deixado mentia: não estava de volta à vida. À data, foi a mentira deste ano, até porque não tenho queda para o género. De então a esta parte, aconteceu o que acontece sempre: projectos e planos (que não são sinónimos), noites passadas em boa companhia, conversas até horas simpáticas, a escrita e a fotografia a sair da hibernação teimosa em que se encontravam, um desvio na carreira de tradutor-traidor, concertos, os dias mais longos. Na estante que habita o vazio que antes existia por baixo da janela do meu escritório, os livros começaram a multiplicar-se. Bom sinal, digo eu. E agora, se não se importam, de volta à vida.