sábado, maio 15, 2004

À la carte.

'Eu sou tudo o que tu quiseres, amor. Tudo. Tudinho. Tudinho mesmo. Sou alto e sou baixo. Gordo, magro, assim-assim. Loiro, moreno, grisalho, às pintas. Bronzeado ou de pele clara. Dentição perfeita. Peludo ou não. Olhos verdes, castanhos, azuis, amarelos, cinzentos. Sorriso assassino. Eu sou tudo o que tu quiseres que eu seja, amor - tudo. Gosto de ténis, de xadrez, de futebol, de equitação, de esgrima, de natação, de tudo o que tu gostares, amor. Tudinho. Gosto de tudo o que tu gostares, amor. Tenho vinte-e-quatro anos, tenho trinta-e-quatro anos - até sou do Paleolítico, se estiveres para aí virado; tenho os anos que tu quiseres que eu tenha, amor. Chamo-me Paulo. E Rodrigo. E Zé. E Pedro. E Gonçalo. E tudo o que tu quiseres, amor. Tudo, amor. Tudinho. Porque o que eu quero é ver-te satisfeito, amor. Porque o que eu quero é que tu estejas bem, amor. Porque eu não conto nada, amor. Porque eu cá não valho um chavo, amor. Sim, amor. Tudo o que tu quiseres, amor. Tudo. Tudinho. Tudo o que tu quiseres.'