quarta-feira, maio 03, 2006

Ficção (38).

Quando entro em casa depois de ter trabalhado o dia inteiro e é noite, procuro nas divisões algum rasto teu e resigno-me a que seja o soalho o único a responder aos meus passos. Vou ligando as luzes, descalço os sapatos e arrumo no armário o casaco. Depois de um duche, sento-me no sofá. Sei que vou adormecer com o teu nome na minha boca e com o meu polegar prestes a marcar o teu número para te ouvir respirar; para te pedir que voltes; para que o sentir-me só acabe e possas ser tu quem desliga a luz da sala quando eu já durmo. É que me sinto cansado há anos.