Diving headfirst.
Com a cabeça quase submersa, olhos fitos no tecto da minha casa de banho, oiço muito ao longe o terceiro contraponto de Die Kunst der Fuge e um barulho como o de um comboio cujos solavancos rítmicos aturdem os carris por onde passa - o meu coração. Escondido e audível agora que tenho os ouvidos cheios de água. Além dele, pouco: o enche-esvazia sussurrado da minha respiração, passos no andar de cima, um telefone a tocar algures no apartamento. Talvez as horas passem e seja noite. O pó pode acumular-se nos móveis, a loiça amontoar-se na bancada da cozinha, alguém bater à porta. O telefone que há pouco tocava extinguiu-se, e com ele os passos na casa acima da minha.
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