terça-feira, setembro 09, 2008

Setembro.

No quarto, à esquerda do computador, está acesa uma vela. Os contornos das coisas em cima da secretária tremeluzem na parede à frente; as minhas mãos, projectadas na parede à direita, escrevem num teclado de sombra. A calma de Agosto sobreviveu ainda durante a primeira semana de Setembro. É Domingo. O movimento aumentou na rua e no prédio - subidas e descidas de escadas, malas cujos contornos rectangulares adivinhamos pousados no patamar, a porta que se abre e fecha. Há um comboio que passa; um avião quase simultâneo. Levanto-me, vou à cozinha buscar um copo de água, oiço pela chaminé o borbulhar disforme das vozes dos vizinhos regressados de férias. O som de pessoas e coisas a voltarem ao andamento costumeiro quebra o silêncio. Escrevo: as palavras no ecrã como um espantalho - como crivo entre mim e os dias.