Iniciação à descrença.
O primeiro contacto que tive com a ironia foi aos onze anos. Num teste de Português, o texto descrevia a vida (ou, antes, a falta dela) de uma mulher chamada Laura e a inactividade / inutilidade de que os seus dias se encontravam repletos. O tom não sei se era ou não subtil; suspeito que, nessa idade, me passassem ao lado as subtilezas. Como tal, desde a primeira linha do texto até à última, a minha interpretação não foi outra que não a de alguém que não estava habituado a ser traído por - ou a desconfiar de - quem escreve. Aprendi a lição rapidamente e passei a suspeitar do que leio e mais ainda daquilo que escrevo. Tenho a agradecer ao meu professor de Português pela minha iniciação à descrença.
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