terça-feira, setembro 30, 2008

The thing with feathers (1).

Para não me esquecer da última vez em que te vi, fiz uma lista - que recito quase constantemente para mim mesmo - dos teus gestos e da ordem pela qual os executaste: desde o momento em que me sentei à tua frente e tu fechaste o livro que lias, até ao arrastar da tua cadeira quando te preparavas para sair. Do que ficou no meio não resta nada, não restamos nem nós. Não deixo de esperar, no entanto, que lá fora, na rua, sem que nos tivéssemos apercebido disso, um turista qualquer tenha passado, tenha fotografado o café onde estávamos só os dois - e que num armário ou numa gaveta, neste país ou noutro, um negativo nosso apanhe pó.