Quanto basta.
Os sons distorcem-se por um segundo. Repetem-se, desviam-se, voltam a um sítio outro. Oiço o fechar da tampa do piano, o barulho das ferramentas a serem guardadas, terminada a operação. Sem que ele o saiba, o afinador na sala ao lado torna real o ano que passou desde a sua última vinda aqui. Entretanto houve obras, mudanças; houve dois dias em que o piano ficou pousado sobre a sua ilharga - reerguido no dia seguinte sobre um tapete colorido, com um pó fino ainda a pairar. Do que passou ficam apenas anotações: difíceis de dispor ordenadamente, e resolutas a sacudir de si qualquer lógica ou causalidade. Em todo o caso, são quanto basta.
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