Candide.
Éramos felizes. Vivíamos juntos numa casa com alguma idade e à qual faltava uma divisão para que fosse do tamanho certo. Tínhamos horários diferentes, mas à noite lá nos encontrávamos: quem chegasse primeiro esperava sentado no sofá a ver as notícias, ou ia adiantando o jantar. De manhã, antes de sair, escrevíamos coisas parvas um ao outro que deixávamos espalhadas um pouco por toda a parte - listas de compras, recados e tarefas pendentes, declarações de amor em três linhas ou menos. Não estou certo de que alguma vez tenhamos pensado que as coisas acabariam - assim, ou de outro modo. Éramos felizes, e o fim de tudo não existia.
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