Chapitô.
Estamos os dois no Chapitô, no espaço reservado a fumadores - uma vista desafogada sobre telhados, monumentos, Tejo. É terça-feira, quase quarta. Por um canto da divisão, entra um frio que se vai entranhando à medida que a noite avança, e que nem um casaco mais forte consegue contrariar. Em cima da mesa, tudo: mãos, os cotovelos ocasionais, telefones, um maço de cigarros de mentol trazido directamente de solo belga, máquina fotográfica, dois pratos com duas tostas mistas polvilhadas com orégãos; do meu lado, um gin tónico; do dela, um copo de espumante. Hoje celebra-se. Como é costume, não damos pelo passar do tempo - e é só quando nos avisam de que aquele será o último pedido que nos apercebemos de que começa a ser hora de ir. Apesar dos avisos e do frio, deixamo-nos ficar até nos desligarem as luzes. Protestamos por um minuto, mas finalmente agarramos nas nossas coisas, e galgamos os degraus até à saída - vivos e entre risos, na noite surpreendentemente quieta da Lisboa a que ela regressa dentro de meses.
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