O mundo a esta hora.
Consideremos os ruídos assíncronos das respirações nesta aula de japonês às nove da manhã. Fora da sala, Lisboa envolta em branco: impossível ver o fundo da rua; os prédios do lado oposto quase apagados. Consideremos o silvo do ar nas suas entradas e saídas metronómicas, mais trémulas hoje pelo frio que se infiltra, apesar dos casacos que permanecem vestidos. No quadro branco - ainda cheio dos traços mal apagados de outras aulas, onde letras gregas se misturam com tremas -, revêem-se partículas: を, で, と. O mundo a esta hora faz por me passar ao lado, e eu aceito o facto como o sibilo fino do respirar dos que se sentam comigo aqui - as mãos frias, os pés a voltar aos poucos à vida.
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