Fora de plano.
Na fotografia não se vê que estás tu e que sorris, não se vê que estou eu e sorrio atrás de ti enquanto te tiro a fotografia. Vê-se que é de noite, mas pouco mais: onde foi tirada é irrelevante; a data esquece-se facilmente. Mas sabe-se que é de noite; que nos metemos no teu carro e por cima de nós aviões. Que saímos e atravessámos estradas e nos deixámos parados no meio das avenidas, máquinas na mão ou ao ombro. Que estávamos ali os dois e de repente era tarde e não queríamos voltar a casa. De uma noite em que estivemos felizes e vivos restam fotografias como testemunho - coisas desfocadas, halos, rastos de luz branca deixados por faróis de carros à entrada de um túnel. E nós: nós nas fotografias, nítidos, lado a lado, e tantas vezes fora de plano.
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