Há dias assim.
Proibi-me de enviar pedidos de ajuda aos que conheço, sinais de que socorro era necessário. Há três anos, perdido por vezes no torpor do álcool, enviava mensagens escritas curtas mas afiadas como facas mínimas aos poucos que ainda mas recebiam: nelas entrevia-se o cansaço extremo que aprendi com o tempo a esconder ou negar; o choro que a voz suplicante da Dawn Upshaw triplicava; as tardes e noites passadas deitado no chão da minha casa. Não peço ajuda. Ou faço por não pedir. Sei que maço as pessoas. O choro que me sai quando menos o espero é abafado e dura instantes - domo-o com um morder de lábios ou com uma mão que aperta as carnes do braço oposto. Faço os possíveis por me manter acordado o mais que posso. E é em dias como o de hoje, sem que me vejam e com a certeza de que não me ouvem, que me deixo de interdições e caio; que abro a excepção.
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