terça-feira, junho 29, 2004

Coração pesado.

JOE: I'm a clerk.

PRIOR: Oh big deal. A clerk? You
what, file things? Well you better keep a file on the hearts you break, that's all that counts in the end, you'll have bills to pay in the world to come, you and your friend, the Whore of Babylon.

[ Tony Kushner: Angels in America - Perestroika. ]

quarta-feira, junho 23, 2004

Resigno-me

porque nada há que possa fazer - porque, tão simplesmente, não tenho como ganhar.

(Perdi. Aceito a derrota.)

terça-feira, junho 15, 2004

Contra o vazio.

A estrela que cai, cai, cai. A queda constante - para dentro, para fora, para cima. A queda para todos os lados e por todos os lados. Sem ascensão ou outra bênção. Sem nada. A queda só.

Como a [tua] vida: só. Ela e [só] ela.

(Tua. Só.)

Ignotus.

Na garganta. No estômago. Nos pés que se contraem e nas mãos que se fecham aos poucos. Nos músculos retesados. No rubor furioso do rosto.

(O grito. Que se forma. E que nunca sairá.)

Pele de galinha.

Qualquer coisa estranha. A roer-me por dentro. Que não consigo encontrar e matar antes que ela me encontre e me devore.

quinta-feira, junho 10, 2004

Remate.

Responsabilizo-me por aquilo que digo. Não me responsabilizo por aquilo que outros possam fazer daquilo que digo.

(Por outras palavras: não inventem.)

Exaridus.

Incrível: pessoas que não me conhecem têm opinião (no geral, má) sobre mim - coisas que roçam o 'não te gramo' (e aqui prefiro a variante mais culinária 'não te gramo nem com molho de tomate'), o 'não te curto mesmo nada' e ainda, ocasionalmente, o 'tu não prestas'. Ora quando digo 'não me conhecem' quero dizer 'pessoas com quem falei duas, três vezes - pessoas com quem troquei três ou quatro emails (se tanto) e pouco mais'. Aparentemente, isto é quanto baste para conhecer alguém.

('Tá bem. Pode ser. 'Bora nessa.)

Here's what I say: não se pode agradar a todos - por vezes, se agradarmos a um que seja, já é uma sorte (e, sem hesitações, uma bênção). Não é uma justificação - é um facto. Não estou aqui para agradar a alguém. Estou aqui. Ponto. Não rejeito gut feelings. Agora, por favor, não me venham cá falar de 'intuição', 'impulsividade' e 'não-sei-que-mais'. Meus senhores e minhas senhoras: responsabilizem-se por aquilo que dizem e escrevem (por aquilo que sentem, já agora). Assumam a autoria. Mais que isso - cresçam e, sobretudo, desapareçam.

(Tenho dito.)

terça-feira, junho 08, 2004

Por um pássaro.

Não o deixes morrer.

(Por favor.)

Há cinco anos.

Tudo.

O cheiro da tua pele no Metro. O peso da roupa no meu corpo. O suor. A música no rádio do carro, enquanto rumávamos em direcção a uma praia minha desconhecida. O calor dentro do carro. As vozes e os corpos acotovelados. O cabelo áspero e preto do condutor. Os pés descalços, mais tarde enterrados na areia.

(Tudo.)

segunda-feira, junho 07, 2004

Salvação pelo capacho.

'Dá-me um pontapé - dá-me o pontapé. Tu sabes que queres. Tu sabes que mal consegues resistir. Vais sentir-te bem, tu sabes que sim. Vá, força - com toda a força que tiveres, dá-me um pontapé; dá-me o pontapé. A sério - eu nem me vou tentar levantar, quando mo deres. Tu sabes que eu não ofereço resistência. Vá - é isso o que tu queres. Vá! Desfere-me a patada redentora e nasce homem novo. Porque é isso o que te vai salvar. Porque é isso. Porque é.'

('Vá.')

Generation gap.

A diferença entre mim e a Teresa é que ela tem a coragem suficiente para tratar alguém por 'tu', enquanto que eu me escudo sempre atrás de um 'você' ou de um 'o senhor / a senhora'.

(Cobardices.)

quinta-feira, junho 03, 2004

Sturm und Drang.

Tempestade. Ribombo.

(E calmaria.)

Self-inflicted wound.

you say you don't want it . this circus we're in
but you don't you don't really mean it you don't really mean it


[ Tori Amos: From the Choirgirl Hotel, 'Spark'. ]

Na noite.

Sabes que é um erro - mas não é por isso que deixas de o fazer. Sabes que te vai doer, que te vai tirar o sono - não te importa. E não te importa porque há coisas piores. Não te importa porque este é o teu grito, o teu murro que a parede engoliu. Não te importa porque, como tudo, vai passar.

(E continuas.)

terça-feira, junho 01, 2004

Rajada.

TCB

wite/motha/fucka
wite/motha/fucka
wite/motha/fucka
whitey.

wite/motha/fucker
wite/motha/fucker
wite/motha/fucker
ofay.

wite/mutha/fucka
wite/mutha/fucka
wite/mutha/fucka
devil.

wite/mutha/fucker
wite/mutha/fucker
wite/mutha/fucker
pig.

wite/mother/fucker
wite/mother/fucker
wite/mother/fucker
cracker.

wite/muther/fucka
wite/muther/fucka
wite/muther/fucka
honky.


now. that it's all sed
let's get to work.


[ Sonia Sanchez: We a BaddDDD People. ]

Nota prévia.

O texto do post seguinte ('Rajada') não está formatado conforme o original. Questões que se prendem com diversas indentações no corpo do texto (intransponíveis para o formato do blog) levaram a que procedesse a uma simplificação do mesmo - tentando, contudo, que se aproximasse, o mais possível, do original.