terça-feira, agosto 29, 2006

Acordado às 9h55mins.

Estou a escrever isto às 11h25mins e surpreendo-me com a agilidade com que me levantei hoje às 9h55mins. Sem carregar no botão de snooze do despertador umas quinhentas vezes como é hábito

(às vezes chego a reprogramá-lo enquanto durmo)

e sem problemas em saltar da cama e começar a trabalhar. Vou acabar o café e passar uma hora ao piano. Depois passo para os artigos que tenho para ler. E agora estou a ouvir o "Reconnaissance", parte do Carnaval, op. 9, de Schumann.

RYBGW.

DVDs por ver e excurso.

Estive a contá-los há pouco. Ao todo, tenho cerca de catorze DVDs por ver na minha estante - fora os que quero rever. Entre o trabalho que se amontoa e o ter sido mandado parar pela GNR a meio da A5 no Sábado, sobram vários factos soltos. Por exemplo o ter descoberto que perguntam por mim na mercearia a que costumava ir e à qual não tenho ido tão frequentemente por falta de tempo. O reconhecer caras que não me reconhecem no meio das escassas multidões de Lisboa. O sítio novo onde estive na quinta-feira passada a tomar um gin tónico. Não conseguir parar de cantar o refrão do "There is a light that never goes out",

And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Is such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure - the privilege is mine


dos The Smiths, e que é uma declaração de amor que tem tanto de impossível como de genial. Há factos soltos aqui. Se calhar, um dia, agrupo-os - faço um mapa muito necessário com todas as paragens obrigatórias; todas as palavras-chave; todas as pedras que se giram para se entrar em câmaras ocultas. Sim, qualquer dia faço um mapa muito necessário para chegares até aqui.

À procura de um texto autobiográfico (24).

I drank a whole pot of coffee while doing the laundry. One hour on the job, thirty minutes rest - regular as clockwork. Otherwise the right-brain-left-brain interface becomes muddled and the resulting tabulations glitched.

[ Haruki Murakami: Hard-boiled Wonderland and the End of the World. ]

Goodie drawer.

O meu nono ano.

O meu nono ano era eu magro, com os ossos ásperos a roçarem-me a pele; o meu nono ano era eu passar os portões da escola, pela manhã, com palavras que me pareciam uma espécie de mantra sinistro, um encantamento digno das bruxas de Macbeth - palavras a que guardei, durante tempo, enorme rancor. O meu nono ano era eu sentado num conjunto de quatro mesas, numa aula de Educação Visual, sem ninguém em redor; era eu no princípio do cansaço. O nono ano passou. Anos posteriores passaram. São poucas as pessoas desse tempo a quem dirijo hoje palavra mesmo quando me interpelam. Não se trata de algo mal resolvido, entenda-se. Pelo contrário: trata-se de respeitar a decisão, consciente ou inconsciente,

(não o discuto, não me cabe discuti-lo)

de invisibilidade que outros fizeram ao proferir as palavras que os obliteraram, completa e irreversivelmente, da minha superfície.

terça-feira, agosto 15, 2006

Amar a cidade.

Lisboa num feriado em Agosto é uma coisa única. Gosto realmente de viver aqui.

Substituições.

Mood elevators.

Inspirado por esta ideia e para combater depressões. Tomar sempre que necessário:

"Uppers"

01. The Magnetic Fields - "I Don't Want To Get Over You"
02. Interpol - "Slow Hands"
03. Broken Social Scene - "7/4 (Shoreline)"
04. Clap Your Hands Say Yeah - "The Skin Of My Yellow Country Teeth"
05. Belle & Sebastian - "Stay Loose"
06. Morrissey - "The Last Of The Famous International Playboys"
07. Ed Harcourt - "All Of Your Days Will Be Blessed"
08. Joan As Police Woman - "Prime Mover"
09. Rufus Wainwright - "Beautiful Child"
10. Feist - "Mushaboom"
11. Vive La Fête - "Touche Pas"
12. My Bloody Valentine - "When You Sleep"
13. Bloc Party - "Banquet"
14. Pink Martini - "Sympathique"
15. Kate & Anna McGarrigle - "NaCl (Sodium Chloride)"
16. We Are Scientists - "Nobody Move, Nobody Get Hurt"

Takeaway took me away.

Há vida às nove da manhã.

Acho piada à vida que existe às nove da manhã. Não costumo reparar muito nisso - normalmente, estou tão ensonado que me passa quase tudo ao lado. Mas, nos últimos tempos, tenho feito por me levantar mais cedo, um bocado na esperança de que comece a "ser produtivo" mais rapidamente; de que o dia renda mais. Se é em parte uma experiência falhada,

(a produtividade é um bicho esquivo)

a verdade é que estar em frente ao computador tão cedo no dia é engraçado. Tenho normalmente a mesa cheia de papéis. Acessório favorito: uma chávena de café - tomado normalmente muito doce ou sem açúcar - ao meu lado direito e com direito a refills sempre que necessários. Abro o estore o suficiente para espreitar, de vez em quando, para a rua e para me assegurar de que o mundo ainda existe; e para deixar passar ar pela casa toda, numa tentativa um tanto frustrante de expulsar dela o calor. Às vezes sinto que estou a viver noutro fuso horário. Mas gosto da vida que existe às nove da manhã.

sábado, agosto 05, 2006

Simples, não?

Passei a tarde de ontem a desejar uma Pedras Levíssima com duas rodelas de limão e um cubo de gelo.

Cheguei a casa. And I got my wish.

terça-feira, agosto 01, 2006

A relação entre cafeína e trabalho.

Tenho bebido pouco café, quando comparado com há uns meses atrás. E o trabalho também se tem vindo a queixar desta falta de cafeína: as coisas demoram mais tempo e o entusiasmo está por metade. Como os artigos que tenho

(medo)

de decifrar não vão parar de se amontoar na mesa da sala, tenho deitado mãos à tarefa. Apesar do calor. Apesar das obras no andar acima do meu. Ponho café a fazer e espero que o café venha munido de uma dose robusta de optimismo (e da ingenuidade mais-ou-menos inofensiva que normalmente o acompanha).

Mais notícias em breve.

Bibliografia completa.

Beber whisky sours no Verão.

Estou a escrever isto depois de ter emborcado dois whisky sours. Como entende quem me conhece - sabendo perfeitamente que a minha tolerância ao álcool é mínima e que lhe cedo facilmente -, estou neste momento com a cabeça no rodopio característico dos ébrios. E, ainda assim, as vírgulas e as palavras de dez contos vão saindo, o que é engraçado para comprovar que o instinto da língua e da linguagem

(não, não são a mesma coisa)

vai sempre sobrevivendo. Dou um gole no copo suado que tenho na mesa ao meu lado. Estou sentado, com a janela aberta à minha esquerda. Consigo seguir as várias vozes de uma data de coisas do Bach que oiço em simultâneo na aparelhagem da sala e do quarto. Num sítio uma coisa. Noutro sítio outra. Volume no máximo. É uma confusão de sons que me mantém lúcido apesar de tudo o mais. Penso em verbos estranhos terminados em -ar. Há roupa estendida atrás de mim e não é minha. Sou capaz de ficar horas a olhar para os pormenores da roupa que as pessoas usam. A roupa inofensiva entre o lavar e o engomar, altura em que se torna arma ou cavalo de guerra.