terça-feira, abril 19, 2005

Listening sessions (1).

Tenho passado os dias sem conseguir trabalhar, sem conseguir escrever. É-me difícil ler seja o que for, à excepção de partituras. Como, aparentemente, está fora de questão conseguir ser produtivo, dedico grande parte dos meus dias a encher os ouvidos de música. E nos últimos tempos tenho ouvido e voltado a ouvir coisas que, para mim, são referências obrigatórias. Aqui ficam algumas:

Rufus Wainwright: Want One e Want Two, indispensáveis para quem vai ao concerto de dia 24 de Abril.
Lali Puna: Scary World Theory e Faking The Books, em repeat na aparelhagem.
Múm: Finally We Are No One e Summer Make Good.
A Silver Mt. Zion: He Has Left Us Alone But Shafts Of Light Sometimes Grace The Corners Of Our Rooms.
My Bloody Valentine: Loveless.
Esmerine: If Only A Sweet Surrender To The Nights To Come Be True.
Set Fire to Flames: Telegraphs In Negative e Mouths Trapped In Static.
L'Altra: In The Afternoon e Music Of A Sinking Occasion.
Hood: Cold House.
Old Jerusalem: April.
The Album Leaf: In A Safe Place.
Explosions In The Sky: The Earth Is Not A Cold Dead Place.
Mogwai: Young Team.


quarta-feira, abril 06, 2005

Work and play.


domingo, abril 03, 2005

Para uma anatomia da memória.

A memória é uma coisa estranha. As recordações que temos de pessoas, de sítios, de situações - são coisas altamente perecíveis; deterioram-se facilmente. E é quando esse processo de deterioriação tem início que a imaginação, "madre de todalas cousas", começa a colorir os espaços que vão ficando em branco com pormenores que não estiveram realmente lá. Esquecemo-nos, convenientemente ou não, das brigas, dos duelos de palavras feitas arma de arremesso, das ausências, dos silêncios durante jantares, dos choros quietos nas almofadas.

Esquecemo-nos.

À memória, bicho muitas vezes exausto, interessa-lhe apenas recriar em Technicolor uma realidade extinta e, não raro, cromaticamente desfalecida. É por isto que é preciso coragem para arrancar às garras da imaginação, vítima de demasiados romances camilianos, a realidade. Despi-la. Dar-lhe um banho de agulheta. Fervê-la em água e sal. Desinfectá-la. Descarná-la como a um fio. E contemplar a ossada que foi - objectivamente, sem carne que a encorpe.

É preciso aprender a desfazer o puzzle. Custe o que custar.

(Até se tornar fácil. Instintivo. Um reflexo.)


Partes do todo (2).


Partes do todo (1).