"So that I may say at all times, even when you do not answer and perhaps hear nothing, something of this is being heard, I am not merely talking to myself [...]." (Samuel Beckett, Happy Days)
Todos os passos errados. Todos os sítios vazios. Todas as praças, as calçadas vazias. Aprendo o teu nome, amor, em frente a um eléctrico cuja tinta se descasca, com o número trinta pintado a preto. Muito antes de teres chegado já eu te esperava cansado.
Estou debaixo dos jacarandás da Rodrigo da Fonseca, à espera de um táxi. Tirei sangue há minutos. Está frio. Bocejo enquanto leio umas páginas do Therapy, do David Lodge. Acordei às sete. Penso no café forte que tenho de fazer e beber mal chegue a casa.
Sob o efeito de uma descarga súbita de beta-endorfinas que teve lugar ao som de "Accident & emergency", do Patrick Wolf.
Acordado desde as oito da manhã, com uma espertina desgraçada e com umas módicas quatro horas de sono em cima.
Uma pergunta que me tenho feito demasiadas vezes é: mas que raio ando eu a fazer? Estudo ininterruptamente desde os meus seis anos. Tenho vinte e sete. A minha dissertação de Mestrado foi em Linguística Inglesa, uma coisa que tem uma empregabilidade tremenda. Não faço ideia do que quero fazer a seguir mas suspeito que sou suficientemente burro para seguir para Doutoramento na mesma área ou numa que lhe seja adjacente. E novamente a pergunta: mas que raio ando eu a fazer? A única coisa que, ao que parece, sei fazer: estudar, saber mais.
Do
Nunca o Alexandre Tharaud, novo e com dedos longos e rápidos. Nunca o Glenn Gould, de cabelo desgrenhado e a cantar enquanto tocava. Nunca o Edwin Fischer, ou a Argerich, ou a Uchida, ou o Pletnev. Nunca magro ou respeitosamente grisalho. Salva-me por vezes a barba que, no Verão, oscila entre o castanho, o loiro e o ruivo. Tenho dias em que sinto que não sei nada sobre nada.
A casa está vazia. Estou cá só eu. A T. e o P. estão no Algarve. A S. está por Lisboa, frustradíssima com umas malas que ficaram retidas em Roma. Estou a ouvir os The National e há bocado tive em repeat o "Ceremony", dos New Order. Este Rosé é muito bom.
We can invest enormous time and energy in serious efforts to know another person, but in the end, how close can we come to that person's essence? We convince ourselves that we know the other person well, but do we really know anything important about anyone?
Dia 6 de Novembro, pelas 21h15mins, vou estar no Coliseu, algures no lado ímpar da 1ª plateia, com um grande sorriso, cheio de saudades e vontade de o tornar a ouvir.
- Queres que te faça um diagrama sobre o papel aglutinativo da metafunção textual?
Etanol, hidrogénio e culpa: acredito cada vez mais em combustíveis alternativos.
we're half-awake in a fake empire
Segunda-feira, jantar com a T., a J., o Z. e o A. em casa dele. Muito calor durante todo o dia. A janela que dá para a varanda está aberta e o ar que entra é fresco. Na sala a J. tenta trabalhar. Na varanda vamos estando eu, a T. e o A.. O gelado de morango estava óptimo. Entre álcool, risos, deambulações pela casa, a noite passa. Quando damos por nós, são duas da manhã. A única realmente acordada é a J. que continua em frente ao portátil. Um serão muito bem disposto e a repetir.
