terça-feira, abril 17, 2007

Comunhão cifrada.

Quando te sentires cansado, lembra-te: estou por perto e o Japão está à nossa espera.

You are here.

Oito coisas soltas.

Bebo quantidades alarmantes de Earl Grey às horas mais improváveis. Às nove da manhã estou acordado, a olhar para o tecto do quarto ou da sala. Adormeço mais cedo, mas nunca antes das três da manhã. Ando a ver, no pouco tempo que tenho disponível, as quatro séries do A Bit of Fry and Laurie. Gosto muito de CSS, do último trabalho do Patrick Wolf e do Wincing the Night Away, dos The Shins. A seguir vou aparar a barba. Comi uma fatia de tarte de limão merengada ao jantar. De início, escrevi "tarde" em vez de "tarte".

Maldição sumária.

Gnome

Spend the years of learning squandering
Courage for the years of wandering
Through a world politely turning
From the loutishness of learning.


[ Samuel Beckett: Collected Poems in English and French. ]

Entre livros e objectivas.

Desculpe, disse "desintegração"?

Num daqueles posts que acabei por não publicar - e que tinha como título "Relevância fragmentária" - escrevi qualquer coisa como

Perpetuamente fascinado pela vida dos outros, a mim alheia.

Ora, nem mais.

Sobre Wanda Landowska.

Na gravação, só ela, o cravo e as bombas que, ruído de fundo, caíam.

domingo, abril 01, 2007

Idiossincrasia (1).

Um dos meus maiores defeitos e uma das minhas maiores qualidades: aprendo muito depressa.

Triunfante.

A tigela e o linguista.

There haven't been many people I've liked. Because there aren't many likeable people. There has been a large number, but let's not get into figures here, approximately four hundred thousand to whom I've had no serious objection or major grouse about. But people I've liked: thirty.

[ Tibor Fischer: The Collector Collector. ]

Ver slides.

Nos slides que tenho visto, as roupas das pessoas são diferentes; os penteados; a quantidade de cabelo; os sorrisos. Nos slides que tenho visto há sítios onde nunca estive e nunca estarei; gente viva que já morreu

(a minha tia-avó, o meu pai, a Bia, a minha avó materna)

e bichos vivos que já não existem

(o Samba, o Leão, vários gatos)

e de que sinto falta. Há o meu tio. O meu tio está magro, tem uma barba muito escura e os olhos felizes. Há a minha mãe tão nova e tão bonita e eu tão parecido com ela do nariz para cima que impressiona. A Andreia miúda, agora casada e com um filho. Eu corado, com caracóis tremendos. E as casas. A disposição, de que mal me recordo, dos móveis e dos quadros e do resto nos espaços; as substituições

(anuais, mensais)

quase indetectáveis de umas coisas por outras. De umas pessoas por outras. Namoradas, amigos, conhecidos, gente chegada. E o que acompanha tudo isto: histórias de sopas comidas com filmes do Chaplin a passarem no "casão"; de um João que pedia

- Vamos perder-nos!

ao tio, quando davam voltas de carro.

Os slides que tenho visto lembram-me de que os meus foram felizes, têm sido felizes, são felizes e de que viveram, têm vivido, vivem. E lembram-me de uma outra coisa que colo constantemente como um post-it na minha cabeça: gosto de ver os slides dos outros, mas tenho uma vontade enorme de tirar os meus próprios slides.

Nos dias que correm, é por isso que me esforço - por uma "recolha de material", que tem sido óptima, para que, mais tarde, alguém veja as fotografias que tirei e se lembre, ainda que vagamente, de mim. De que fui feliz. De que vivi e estive vivo. E a par disto a circunstância tripartida: onde, com quem, quando.