Pões dois copos em cima da mesa que ainda cheira a madeira. Ao lado deles, uma garrafa de tinto de Portalegre, de 2004: tu bebes metade, eu bebo a metade que falta. Pões qualquer coisa a tocar - eram os Yo La Tengo, ou eram os Low, já não me lembro -, e deixamo-nos estar na conversa. Deixas cair que às vezes te sentes sozinho na casa em que agora moras. Eu sorrio, e em vez de te dizer que me sinto sozinho em toda a parte, digo-te que não é caso para isso, que o meu telefone está sempre ligado.
Ex abundantia cordis. Encomendamos jantar. Trocamos notícias, novidades - umas tantas repetidas. Na hora de partir, quando corro à minha frente as grades do elevador, e antes de a porta se fechar ruidosa, dizemos até amanhã.