segunda-feira, maio 28, 2012

Food and drink.

segunda-feira, maio 21, 2012

Uma mentira para o ano novo.

Entre o fim do ano velho e o início do que se lhe segue, houve duas mortes — a de um animal querido, a que me parece ainda ouvir os passos ou o ladrar, quando entro na casa onde o encontrava sempre, e a da minha avó paterna, que nos últimos anos se apagara aos poucos e constantemente, até pouco mais restar do que os contornos hesitantes do seu corpo. Em Março, o título de um post aqui deixado mentia: não estava de volta à vida. À data, foi a mentira deste ano, até porque não tenho queda para o género. De então a esta parte, aconteceu o que acontece sempre: projectos e planos (que não são sinónimos), noites passadas em boa companhia, conversas até horas simpáticas, a escrita e a fotografia a sair da hibernação teimosa em que se encontravam, um desvio na carreira de tradutor-traidor, concertos, os dias mais longos. Na estante que habita o vazio que antes existia por baixo da janela do meu escritório, os livros começaram a multiplicar-se. Bom sinal, digo eu. E agora, se não se importam, de volta à vida.

Afins.

Departures.

Along some northern coast at sundown a beaten gold light is waterborne, sweeping across lakes and tracing zigzag rivers to the sea, and we know we're in transit again, half numb to the secluded beauty down there, the slate land we're leaving behind, the peneplain, to cross these rainbands in deep night. This is time totally lost to us. We don't remember it. We take no sense impressions with us, no voices, none of the windy blast of aircraft on the tarmac, or the white noise of flight, or the hours waiting. Nothing sticks to us but smoke in our hair and clothes. It is dead time. It never happened until it happens again. Then it never happened.

[ Don DeLillo: The Names. ]

Factos e fatos.

Confunde-se o facto com o fato e vice-versa, mas num enterro não se veste o facto — só o fato. O facto, esse, fica escondido por baixo do fato, rente à pele. Eis assim factos e fatos: o facto do corpo que desce à profundeza relativa daquele rectângulo imposto a uma terra dura, invernosa; os fatos dos que ficam com os pés assentes na terra acima e assistem silenciosos à sua descida.