A arte imita a vida imita a arte.
Depois de três gins tónicos, eu com a cabeça a andar à roda, saímos do bar onde estivemos e corremos, rua abaixo, chuva cada vez mais forte, em direcção ao parque de estacionamento do Camões. Rio, quase descontroladamente, cada vez mais alto, com um gosto que pensava ter-me fugido. Chove mais. Rio mais. Estamos encharcados, mas temos chapéu-de-chuva.
(Chegamos.)
Descemos a escada e encontramos um homem com um chapéu de palha e uma antena de televisão que nos diz "Quero uma moeda!" Dizemos que não temos moedas e o encoberto replica "Quero uma moeda, caralho!", enquanto nos aponta, de forma ameaçadora, a antena maior do que ele. Só então nos apercebemos de que, para todos os efeitos, estamos a ser assaltados. Corremos escada acima, aos berros, eu ainda intoxicado do álcool. Vamos em direcção à outra entrada do parque. Atrás de nós, um louco de antena na mão que grita "Venham cá, cabrões! Filhos da puta!" Corremos mais depressa. A chuva ainda. Mais e mais forte.
Entramos no parque. Descemos mais escadas a correr. Encontramos gente. Estamos a salvo.
Passado tudo - e já dentro do carro -, são engraçadas as primeiras impressões que tivemos de tudo aquilo. A princípio, a R. pensou que fosse um maluco. Eu pensei que fosse performance art.