Status report (3).
Sentado no sofá, a preparar-me para trabalhar e ser, durante essas horas e posteriores, a encarnação da pedra de Rosetta.
"So that I may say at all times, even when you do not answer and perhaps hear nothing, something of this is being heard, I am not merely talking to myself [...]." (Samuel Beckett, Happy Days)
Sentado no sofá, a preparar-me para trabalhar e ser, durante essas horas e posteriores, a encarnação da pedra de Rosetta.
Num prefácio (Eneydos) e tendo como subtexto a questão da flutuação lexical e ortográfica sua contemporânea, Caxton contava a história de como era difícil, percorrendo o rio Tamisa, interagir em contextos de comunicação tão elementares como a aquisição de bens alimentares - neste caso, ovos. Dizia ele:
Alheio que sou aos feriados do país e da cidade, aventurei-me a ir fazer hoje as compras semanais. Chegado ao El Corte Inglés, bato com o nariz na porta e resolvo, na calma atípica de Lisboa, voltar a pé para casa. Apercebo-me de duas coisas: de que me tinha esquecido de quão bom é andar a pé num dia frio e da calma do jardim da Gulbenkian. Vinte minutos passados, chego a casa sem cansaço, pouso a mala e respiro fundo com um sorriso na cara.
Encostado à bancada da cozinha, a ouvir a água a começar a ferver na chaleira, a olhar para dentro de um bule branco cheio de folhas de Darjeeling, da Twinings.
Skipping along the path of today
O silêncio relativo da casa hoje é cortado pelo suspiro metálico dos comboios que às vezes passam. Preparo-me para ler e escrever durante o resto da tarde, durante os próximos dias, durante as próximas semanas - uma espécie de mecânica abreviada da sobrevivência intelectual ou coisa assim. Aligeiro com posts aqui sempre que puder e, entre outras coisas, com chá em doses cavalares e a horas impróprias para consumo.
Estas coisas sem nome não são tão tristes e factuais. Começamos a história com um "Há uma pessoa que..." e a pessoa fica "pessoa" na história que nos contamos.
Quando ele me abraçou pela primeira vez consegui ouvir os meus ossos a partirem-se todos e a voltarem aos poucos ao sítio. O som era morno e familiar.
Entre um optimista e um realista, sinceramente, há muitos momentos em que prefiro um optimista. Que mais não seja porque há na perspectiva realista das coisas um senão perverso: é que ser realista legitima, muitas vezes, que quem o é se comporte como um verdadeiro filho-da-mãe. E aqui falo por experiência própria. Não há mal em ser-se um filho-da-mãe desde que se seja um filho-da-mãe declarado. Agora vir-se depois dizer
O título deste post é mais ou menos chamativo, mas não houve assim uma mudança radical no domínio do template. Houve, isso sim, uns retoques para tornar este espaço um bocadinho mais "caseiro". Depois de várias experiências, foram acrescentadas com sucesso imagens no cabeçalho e no rodapé do Maiúsculas. Além disso: estão a ver aquela seta que vem antes dos títulos dos posts? Pois - mudou camaleonicamente de laranja para laranja-forte / vermelho. Assim como o tracejado / pontilhado por baixo dos títulos de cada uma das secções da barra lateral.