sexta-feira, agosto 27, 2004

A desenvolver.

Tu és um exercício de destruição, a queda perfeita. O teu rosto um murro no estômago quando não o esperamos. O teu corpo fortaleza impenetrável, campo minado. As tuas mãos gigantes feitos penedos feitos gigantes. Tu todo e só tu - um exercício de destruição.

(Aqui vou. Resolver-te.)

Consulta obrigatória (2).

Gostava de escrever mais do que isto, mas é quase impossível. Quase. Porque os Sigur Rós são uma maravilha e o resto é história. Apaixonei-me por eles com Ágaetis byrjun; com ( ) tive a confirmação da genialidade dos mesmos. E ba ba ti ki di do não é excepção - vinte minutos de música compostos para Split Sides, uma coreografia executada pela Merce Cunningham Dance Company (mais informações aqui); vinte minutos brilhantes, em que nada é deixado ao acaso, e que nos deixam ansiosos pelo próximo trabalho deste grupo islandês. Espera-se que seja lançado na Primavera de 2005, seguindo-se uma tour que incluirá a Europa e a América do Norte (entre outros). Figas para que passem por Portugal (como já aconteceu duas vezes).

Para mais informações sobre os Sigur Rós, seguir o link abaixo.


quinta-feira, agosto 19, 2004

Consulta obrigatória (1).

Recomendado por um amigo, este é um daqueles sites que simplesmente não podem passar despercebidos. O nome (group hug) deixa já entrever o conceito que lhe subjaz, i.e., a criação de um confessionário online em que o anonimato é garantido através da atribuição de um número aleatório a cada confissão (sendo estas apenas acompanhadas desse número e da data em que foram feitas). Convidativo? Ver para crer - come one, come all.

O link para a página está abaixo.


The hand is on the other foot.

JOE: I'm not going to leave you, Harper.

HARPER: Well maybe not. But I'm going to leave you.

[ Tony Kushner: Angels in America - Millenium Approaches. ]

quarta-feira, agosto 11, 2004

Prece.

Sugas o ar frio da rua através do estore, no entardecer quieto. Nenhum barulho. O carro ocasional. Só tu. Só a tua mão colada à superfície metálica que te separa do exterior. Tu, a tua mão no estore e a tua estranha vida interior. Mexes os lábios. Ninguém te vê. Ninguém saberá o que disseste.

(Nem os pássaros. Nem o chão que te engole os passos. Nem os vidros que bafejas. Nem as lâmpadas que se fundem na tua casa e na de outros.)

Nada. Ninguém.


Immotus.

I find it easier to sit and stare

[ Snow Patrol: Final Straw, 'Spitting Games'. ]

Itinerário da não-interferência.

Um pé que avança. O outro atrás. Avança. Parado. E tudo começa. Movimento perpétuo. Não sabes nada mas avanças. Maré estúpida que te move. A mão que cai quando tudo te dói - quando te sentes desconjuntado.

(Tudo vai ficar bem. Eventualmente.)


terça-feira, agosto 03, 2004

Matemáticas abreviadas.

Duas pessoas sozinhas em duas casas vazias. Sem ninguém. E uma só equação que nunca - nunca - será resolvida: que nunca sequer chegará a existir.


domingo, agosto 01, 2004

Missão comprida.

Wash it out.
Wash it out.
Wash it out.


[ PJ Harvey: Uh Huh Her, 'The Life and Death of Mr. Badmouth'. ]

Trabalho de restauro.

Vou começar a reconstruir tudo. Vou começar aos poucos e terminar em grande - sempre sem me dar por achado. Porque noites vazias não são coisa que abunda: o que abunda é o vazio das noites. Porque é preciso desmontar[-me] aos poucos, fazendo mapa das peças que vou tirando para depois saber voltar a encaixá-las nos sítios respectivos.

(Reconstruo. Recomeço. Fecho os olhos. Ando para a frente.)

Espero nem dar por nada. Que o novo começo seja só como outro dia, sem que eu consiga dar pela diferença, mas que ela esteja lá: trabalho de restauro efectuado com máximo rigor e competência. Que venha a bênção do trabalho efectuado - suor ou água. Que a eterna borracha apague os rabiscos à margem e a carvão, deixando apenas o seu leve entalhe no papel (palimpsesto que aguarda leitor).

Tudo isto. E mais.