segunda-feira, julho 23, 2007

Alinhamento.

Não sei bem o que hei-de dizer sobre um alinhamento de DVDs que começa com Misery, passa por The Ghost and Mrs. Muir e termina com Pretty in Pink.

Gherkin green.

Custos (2).

E, neste contexto, penso que é importante reforçar isto e isto.

Custos (1).

A possibilidade de "erros de interpretação" de algumas coisas que digo ou escrevo assusta-me francamente porque, tal como a experiência me tem ensinado, erros de interpretação podem custar-me pessoas próximas e de quem gosto - leia-se "custar-me caro".

A word to the wise.

People are tricky, you can't afford to show
Anything risky, anything they don't know


[ Aimee Mann: "It's not." Lost in Space. ]

Mia pouco, come muito e é simpático.














Franksy: apareceu no jardim da casa de um parente meu e resolveu ficar por lá. Mia pouco, come muito e é simpático. Gosta de dormir no meio do jasmim. Chamamos-lhe Sushi.

terça-feira, julho 17, 2007

Um sorriso devolvido.

Como ele, escurecido do sol, atravessava a água e emergia com um sorriso. Como tu, preso a um livro na toalha, corpo claro, sentias sem reacção a água a escorrer-lhe da cara para as tuas costas. Ele que perguntava

- Não vens?

e tu, com um sorriso devolvido, ias.

Botânica para amadores.

Temperatura.

Todo o ano dezoito graus cá dentro.

Os limites da manipulação.

O "No I in threesome", dos Interpol, é das músicas mais deprimentes que ouvi nos últimos tempos. Destrutiva mesmo. Isto porque traça o percurso de um casal que, estando junto há anos, começa a notar as marcas do tempo e a erosão do relacionamento. Até aqui nada de novo. A minha objecção surge

(e, no fundo, este texto também)

quando é sugerida como solução possível para as discussões e para os problemas a dois

(Oh, alone we may fight)

uma terceira pessoa, justificada parvamente com o pretexto da experiência de coisas novas

(Babe, it's time we give something new a try)

que podem beneficiar a relação existente. Acho isto deprimente? Acho. E não tem nada a ver com a introdução meramente sexual de uma terceira, quarta ou quinta pessoa num relacionamento existente entre duas. Tem a ver, isso sim, com a contextualização dessa introdução como forma de dar novo alento a / salvar algo que definha de dia para dia: aqui, experimentar coisas novas não salva, nem deixa de salvar, seja o que for. Não se trata do início de uma nova fase a três: trata-se do princípio do fim.

Duas pessoas: uma sabe que a relação vai acabar; a outra não. A que sabe que a relação vai acabar aprende a manipular a situação

(leia-se "o outro")

até um ponto que lhe seja vantajoso. A que não sabe que a relação vai acabar - e que espera que "as coisas se resolvam" e não acabem - cede: primeiro pouco; depois mais; depois tudo. E é precisamente a manipulação que está na origem desta cedência, não a cedência em si, entenda-se, que é abjecta.

Dos dez aos vinte e dois.

sábado, julho 14, 2007

Status report (6).

Na sala, com o livro do Murakami aberto à minha esquerda em cima do sofá, a ouvir o Our Love to Admire, dos Interpol, e a olhar de relance para os doze ou treze livros, alinhados na estante da sala ao lado, que quero ler até Setembro.

Trabalhos com luz (2).

À procura de um texto autobiográfico (27).

I find it hard to talk about myself. I'm always tripped up by the eternal who am I? paradox. Sure, no one knows as much pure data about me as me. But when I talk about myself, all sorts of other factors - values, standards, my own limitations as an observer - make me, the narrator, select and eliminate things about me, the narratee. I've always been disturbed by the thought that I'm not painting a very objective picture of myself.

[ Haruki Murakami: Sputnik Sweetheart. ]

domingo, julho 08, 2007

A Maria José.

Há minutos, enquanto bebia o segundo copo de café frio da noite, lembrei-me da Maria José, irmã da T., que me apertava muito em miúdo, me dava beijos na cara e me dizia

- Ah, meu rico menino!

com um dos tons mais exclamativos e sinceros que ouvi até hoje. É claro que os miúdos nunca gostam destas atenções. Agora, a quinze ou dezasseis anos dessa idade, recordo-a com um sorriso enquanto vejo o cursor a piscar no ecrã. Há muito tempo que não vejo a Maria José. Mas espero que esteja bem - ela merece.

Trabalhos com luz (1).



Retrato de uma noite de Verão.

Passam os carros
potentes luzes acesas
seguem destinos desconhecidos

Nesta voragem
nem uma cara nos vidros
e são tantas as janelas

A brisa do mar passa
e encanta
sem um murmúrio adormeces


[ Henrique Risques Pereira: Transparência do Tempo (Poesia). ]

quarta-feira, julho 04, 2007

Status report (5).

Sentado à frente do computador, com uma chávena de café bem forte e pouco doce à minha direita. Na aparelhagem, a Nella Maissa a tocar uma sonata de J. Domingos Bomtempo.

O contínuo dos dias.

De costas voltadas.

Até que ele disse

- Não apaziguo mais vulcões.

Ao que parece, não neste.

Na semana passada, ao balcão do banco, perguntaram-me

- Já comprou bilhete para as Sete Maravilhas do Mundo? Ou vai deixar passar?

Um bocado atordoado com a pergunta, comecei a listar mentalmente as seis de que me lembro logo: os Jardins Suspensos de Babilónia, o Farol de Alexandria, o Colosso de Rodes, a Estátua de Zeus em Olímpia, o Templo de Ártemis no Éfeso, a Grande Pirâmide de Gizé. Esqueço-me sempre de uma. E como na minha cara não houvesse sinal algum de reconhecimento, a rapariga insiste

- Mas não sabe de que é que eu estou a falar?

Respondi com um encolher de ombros e recebo apreensivamente a explicação

- A eleição das Novas Sete Maravilhas do Mundo? No Estádio da Luz?

com um acrescento que produziu em mim um sorriso emudecido e novo encolher de ombros

- Mas vive em que mundo?

Quando saio do banco, apercebo-me de duas coisas: de que o mundo em que vivo, seja ele qual for, não deve ser este; e de que, havendo Sete (novas) Maravilhas do Mundo, esta última pergunta, que tem mais de afirmação velada do que de outra coisa, podia perfeitamente ser a oitava.

O céu do outro lado.

Coda para uma amizade.

Mas o otimismo levou água na fervura, compreendi que não nos entendíamos.

[ Graciliano Ramos: S. Bernardo. ]