Wise blood.
Corto-me sem querer a lavar uma faca. O fluxo esbranquiçado da torneira tinge-se de imediato. Desligo a água, agarro a toalha mais próxima, envolvo a mão nela. Sobre o lavatório, uns quantos pingos esporádicos de um vermelho vivo que se deixa dissolver aos poucos. Agarro a mão junto ao peito como um animal ferido; encosto-me ao xadrez verde e branco da parede. Deixo-me ficar por uns minutos, até ganhar coragem suficiente para espreitar os estragos feitos: três sulcos pouco fundos, contíguos e já estanques, e um quarto - maior, mais profundo -, que se aviva a cada flexão do dedo. Até que pára, e o dia continua.