Mais posts em dois mil e seis.
É pouco provável que hoje apareça aqui novamente para postar. Aqui deixo o desejo de uma óptima entrada em dois mil e seis. Vemo-nos para o ano!
(Ou seja, daqui a coisa de vinte e quatro horas.)
"So that I may say at all times, even when you do not answer and perhaps hear nothing, something of this is being heard, I am not merely talking to myself [...]." (Samuel Beckett, Happy Days)
É pouco provável que hoje apareça aqui novamente para postar. Aqui deixo o desejo de uma óptima entrada em dois mil e seis. Vemo-nos para o ano!
E encontraste na erosão matemática das coisas aquilo que te possibilitou continuar a sonhar por tempo que sabias indefinido.
Andei de um lado para o outro à procura de dois filmes que, por acaso, vi referenciados num outro que vi ontem à noite. Resolvi ir à FNAC do Chiado. Carro, trânsito, congestionamentos sucessivos. Rua da Misericórdia calma, algumas pessoas. Viro à esquerda e faço caminho até ao parque de estacionamento onde costumo deixar o carro
Ler cinco livros e diversos artigos. Escrever. Beber chá. Beber café. Ler mais. Escrever mais. Beber mais chá. Beber mais café. Reler. Imprimir. Entregar.
Disseste-me
Acordar mais cedo. Ler os livros que estão espalhados pela mesa da sala. Redigir capítulo mais curto para cumprir prazos e poder começar a escrever o seguinte (maior). Passar pela FNAC (talvez só para a semana) a averiguar o que há de novo. Obrigar-me a ver aqueles dois DVDs do Fellini que estão na estante a apanhar pó. Rever Lost in Translation. Avançar com o estudo do primeiro andamento da sonata.
Saio de casa. Meto-me no carro. Arranco com destino a alguns quilómetros daqui para ir comprar uma prenda para mim mesmo. Depois volto a casa. Telefonema do N. - remarcamos café para o dia seguinte. Oiço as chaves da T. na porta: ei-la, chegada de Barcelona e já de fugida para o Alentejo - ponho-a a par das novidades
Quando saíres e os teus pés soarem nos degraus, o teu som, o teu respirar, o teu cheiro e o teu riso ainda cá.
É-me especialmente difícil apagar mensagens escritas que tenha guardadas. Sobretudo porque penso que, se as tenho guardadas, por alguma razão será. É que uma mensagem escrita não é só aquele conjunto - maior ou menor - de caracteres no ecrã: é tudo o resto, todo o contexto de escrita, envio e recepção.
Na esperança de encontrar as lojas menos congestionadas, a R. e eu fomos fazer as compras de Natal durante a semana: segunda-feira, ao início da tarde; ontem, da parte da manhã. Expectativas frustradas: gente por toda a parte, em especial na FNAC.
Lembravas-te de mim como quem se lembrava de um hábito velho; era-te instintivo; nem tinhas de pensar. Tocavas-me à porta num fim-de-semana em que te sentisses perfeitamente sozinha e, com a voz já turva do álcool, dizias
Porque era quando pousavas a tua mão sobre a minha e a apertavas que eu sabia que podia adormecer; que ainda estarias ao meu lado quando acordasse.
Não deixa de ser interessante que, ao passar os olhos pelos arquivos aqui do blog, consiga reconhecer os momentos exactos em que escrevi os textos e em que tirei as fotografias que publiquei. Sei perfeitamente onde, quando e por que razão / com que propósito um post foi escrito; conheço as intenções das imagens que tenho aqui afixadas. Um ano e meio, mais coisa, menos coisa. Da frustração à alegria, da raiva à inércia, da sonolência aos sorrisos rasgados, do cansaço intelectual à produção escrita (e não só) em volume quase absurdo: reconheço-me no Maiúsculas; reconheço-o como uma espécie de diário irregular em cifra.
Acrescentei à barra lateral uma nova secção ("Dose diária recomendada") com os blogs que costumo visitar diariamente. Andava há já algum tempo para o fazer mas só ontem acabei por tratar disso.
E depois era o fim. Era o teu corpo no dele e o dele por toda a parte; os ofegares que enchiam as assoalhadas ainda vazias
Adormecer calmo com a televisão como ruído de fundo. Acordar, horas passadas, noutro programa e no mesmo sítio
Ao encontrá-la no corredor dos enlatados não a reconheces mas há qualquer coisa na cara dela